Namaskar!

Welcome! Bem-Vindos! Bienvenidos! Bienvenus!
Ensaio geral... Primeiros passos no mundo da blogosfera.
Muitas aprendizagens a fazer pelo caminho.
Duas frases de hoje:
1ª de promoção da leitura na Crosswords, livraria em Puna, Índia do Sul:
"You don't open a book, You open a mind".
2ª, ao acaso, nas obras de M. Yourcenar:
"Puisque le Temps est le sang des vivants, l'eternité doit être du sang d'ombre"

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Cinema e cinéfilos

Os cinéfilos do Porto estão de luto. As 4 salas exploradas pela Medeia, ao longo dos últimos quinze anos, no Centro Comercial Cidade do Porto, encerram hoje as suas portas. É demasiado triste e grave para ser verdade mas é verdade. Vai ser ainda mais difícil ver bons filmes exibidos em circuito comercial. Vamos ter mais do mesmo. Os mesmos filmes, as mesmas estreias, a mesma formatação mental por todo o lado.
Nem salas com programação alternativa, nem cineclubes, nem cinematecas para formar públicos.
O que nos resta? "Fábricas de sonhos " ou pronto-a-vestir-para-nos-estupidificar-melhor-minha-netinha?

domingo, 27 de junho de 2010

Faz de Conta

- Faz de conta que sou abelha.
- Eu serei a flor mais bela.

- Faz de conta que sou cardo.
- Eu serei somente orvalho.

- Faz de conta que sou potro.
- Eu serei sombra em Agosto.

- Faz de conta que sou choupo.
- Eu serei pássaro louco,

pássaro voando e voando
sobre ti vezes sem conta.

- Faz de conta. Faz de conta.

Eugénio de Andrade, Aquela Nuvem e Outras

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Bugiadas e Mouriscadas

Em tempos inquietos de celebrações da chegada do Verão, houve momentos extremamente diversificados e ricos. De um pequeno círculo de mulheres na Praia da Adraga, em noite estrelada, a uma noite de S. João na companhia de amigos e conhecidos, às Bugiadas e Mouriscadas de Sobrado, Valongo, cheias de movimento e povo.
Para assinalar, aqui fica um texto de literatura popular, presença constante das últimas semanas:

"Manhaninha de S. João - pela manhã do alvor,
Todos os criados vão - visitar o seu senhor.
Só de mim, triste coitado, - não sei quando arraia o sol,
Se não fossem três passarinhos - que me anunciam o alvor.
Primeira é a cotovia, -segundo orouxinol,
Terceira é a calhandrina , -a que se repenica melhor.
O rouxinol canta na silveira, - a cotovia no giestal, A calhandrina na serra - à sombra do queirogal."

José Leite de Vasconcelos, Romanceiro Português, Vol.I

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Siddhartha

Embora não esteja sentada na margem de um rio, como o príncipe que virá a tornar-se o Iluminado, também eu sei que sem a medida do tempo o passado e o futuro estão sempre presentes "tal como o rio está ali, onde é visível, mas ao mesmo tempo também está na nascente e na foz. A água que ainda há-de passar é o amanhã, mas já lá está, a montante; a que correu é o ontem, mas ainda lá está algures a jusante".
Há momentos da vida em que a questão da passagem do tempo se torna particularmente presente-premente.
Também Tiziano Ternazi o sentiu como provam as palavras que acima transcrevi.
Sinais da humana condição?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Coisas simples

Céu azul, temperatura amena, concertos para oboé de Vivaldi, um monte de ideias para organizar na minha cabeça.
E o mote de uma poesia popular, referida pelo meu saudoso Mestre Manuel Viegas Guerreiro:

Morre um afecto e outro nasce,
Vai-se um desejo e outro vem,
E depois de um sonho, outro sonho
E tantos que a vida tem.

Venham as glosas! Boa semana!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Um Oásis no Momento

se vieres à minha procura
estou atrás do lugar que não existe
atrás do lugar que não existe há um lugar
atrás do lugar que não existe
são as veias do ar cheias de mensageiros
que trazem notícia da mais longínqua flor da terra
na face da areia estão traçadas as marcas do cavalo de um cavaleiro gracioso
que de manhã subiu ao cimo da montanha da Ascensão
atrás do lugar que não existe está aberto o leque dos desejos
tocam as campainhas de chuva para que a brisa sequiosa possa chegar ao cimo
de uma folha das campainhas de chuva que tocam
aqui o homem está só
e nesta solidão a sombra de um ulmeiro flui para a eternidade
se vieres à minha procura
vem devagar e suavemente para não quebrar a porcelana da minha solidão.

Soharâb Sepehry, A Rosa do Mundo, Assírio e Alvim

domingo, 6 de junho de 2010

Público e Privado

Mais um fim de semana de eventos em simultâneo, no Porto. Continuação do FITEI, inaugurações em Miguel Bombarda, Clubbing na Casa da Música, Serralves em Festa.
Serralves em Festa, pela sétimo ano consecutivo. Igual e diferente das edições anteriores. A crise também passou por aqui... Mas é sempre bom ver tantas e tão variadas gentes circular por aqueles espaços magníficos, encontrar tantos amigos e conhecidos. E foi comovente ver a "Big Band Hot Clube de Portugal" homenagear Rocha Brito pelo seu amor e labor em honra do Jazz, ao longo de muitos e muitos anos. Rocha Brito é o "Dr. Guimarães" , amigo dos meus Pais, que me me abriu as portas da sua biblioteca e me deu a conhecer alguns exemplares da sua magnífica colecção de LPs, quando eu era menina e moça.
Na Casa da Música, depois de um jantar partilhado no restaurante-lá-de-cima, um desconcertante concerto dos Solistas do Remix Ensemble, da ONP : Kraft, para solistas, orquestra electrónica (1983-1985; c.30m) de Magnus Lindberg, na Sala Suggia. Nos outros espaços, também naqueles que não estão normalmente abertos ao público, outras músicas e outros músicos "fora de horas".

sábado, 5 de junho de 2010

Passagem das Horas

"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei.
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tão tanto, é pouco para o que eu quero."

Apaixonei-me pela poesia de Álvaro de Campos na adolescência. E há poemas, ou fragmentos de poemas, que continuam, até hoje, a ter imenso sentido e a dizer-me como jamais saberei fazê-lo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

"Magazine Cultural"

No interim, muitas e variadas coisas se passaram, desde consumos culturais intensos a uma ida ao Museu do Douro, sábado 29, para lançar sementes no "III Encontro de Sementes de Leitua e Artes".
Das idas aos espectáculos do 33º FITEI - "Hnuy Illa", "Querida Professora Helena Serguéiévna", e "In Vino Veritas", destaco pela excelência e pelo lado poético, o 1º referido, dos bascos Kukai-Tanttaka.
Das idas ao cinema o surpreendente "Eu sou o Amor", do realizador italiano Luca Guadaguino, com Tilda Swinton, pela beleza, pela herança de uma certa linha "viscontiano- bertolucciana".
Da ida ao 103º Quintas de Leitura - "Casas Kitadas", a participação do colectivo "O Copo", que defendeu criativa e convictamente a poesia de Alexandre O'Neill.
Dos Congressos "Música no Divã", na Casa da Música. Das intervenções de sexta 28, as únicas a que pude assistir por coincidência de agenda, a de Jaime Milheiro pela sistematização e pelos "momentos musicais". Gosto igualmente de "música sem palavras" e de "música com palavras".
Para ilustrar a "música sem palavras" escolheu o "Purgatório", que Gustav Mahler terá composto depois de uma longa conversa com Freud. "A música com palavras" fez-se ouvir nas vozes poderosas de Ella Fitzgerald e de Aretta Frank. Curioso referir que Freud, que tanto apreciava a escultura, a pintura e a literatura não gostava de música, uma vez que lhe acordava emoções que não controlava. Jaime Milheiro considerou a música como "o regresso a casa, à casa da música que é a da voz da mãe, uma das mais caudalosas do universo".
Como continuo a não possuir o dom da ubiquidade,além de não ter podido continuar a ouvir as conferências de sábado, desta feita, o "Imaginarius", em Vila da Feira, ficou de fora...