Namaskar!

Welcome! Bem-Vindos! Bienvenidos! Bienvenus!
Ensaio geral... Primeiros passos no mundo da blogosfera.
Muitas aprendizagens a fazer pelo caminho.
Duas frases de hoje:
1ª de promoção da leitura na Crosswords, livraria em Puna, Índia do Sul:
"You don't open a book, You open a mind".
2ª, ao acaso, nas obras de M. Yourcenar:
"Puisque le Temps est le sang des vivants, l'eternité doit être du sang d'ombre"

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

As quatro estações eram cinco

O verão passa e o estio se anuncia
que outono se há-de ser e logo inverno
de que virá nascida a primavera.
Mais breve ou longo se renova o dia
sempre da noite em repetir-se eterno.
Só o homem morre de não ser quem era.

Jorge de Sena, Exorcismos

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

As ilhas verdes de um arquipélago solar

Continuo às voltas com a poesia, a pretexto de um trabalho, de propostas de trabalho e, fundamentalmente porque, desde há muito, muito tempo que a poesia tomou conta de mim. Tenho consumido palavras aos molhos e revisitado poetas amados. Um dos livros que mais me deu gosto reencontrar foi "A Fímbria da Fala", de Teresa Rita Lopes, com desenhos de Mário Botas e prefácio de António Ramos Rosa.
2 poemas para partilhar:

Descobrir o segredo

Menina
de circo
dos sonhos
da infância
sapatos
de seda
saínha
de tule
me sinto
correndo
pelo arame
que liga
a morte
à vida

Fazer da dor subterrânea

Fazer da dor
subterrânea
uma flor
desperta

Fazer do choro
represo
uma ave
liberta

Ah! poder
lançar
no ar

este negro
fogo
preso

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sem abrigo para tanto querer

Houvesse um sinal a conduzir-nos
E unicamente ao movimento de crescer nos guiasse. Termos das árvores
A incomparável paciência de procurar o alto
A verde bondade de permanecer
E orientar os pássaros

Daniel Faria (1971-1999)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A vertigem das listas

"Tudo o que não escrevi". Creio que era esse o título de um livro de Eduardo Prado Coelho, publicado aqui há uns anos. Acontece aos melhores. Tantos e tantos pequenos/grandes eventos que nunca chegam a ganhar forma escrita e, por isso, se perdem na espuma dos dias.
Poderia escrever sobre uma das mais belas colecções de instrumentos musicais do mundo, que visitei duas vezes no Raja Dinkar Kelkar Museum, aqui há uns meses, em Poona, na Índia do Sul...
Poderia escrever sobre o insólito "Orgão de Marés" ou sobre a surpreendente "Saudação ao Sol", que nada tem a ver com Yoga, de Zadar, que segundo Alfred Hitchcock tem o mais belo pôr do sol do mundo.
Poderia escrever sobre Plitvicka Jezera -The Plitvice Lakes National Park, também na Croácia, um dos sítios mais próximos do paraíso terrestre onde me foi dado estar, há pouco tempo atrás.
Mas não agora.
Fico-me por uma dica cinéfila: "Tamara Drewe", o último filme do realizador britânico Stephen Frears, que conta outros belos filmes na sua longa lista, como "Ligações Perigosas" e "A Rainha".
Basta atravessar a ponte, e ir até à fábrica de sonhos instalada do outro lado do rio.

domingo, 3 de outubro de 2010

Memória de outro rio

A Casa

Pouco a pouco despeço-me de Setembro, essa canção. Eis a casa, pedra a pedra é da linhagem da tristeza, as suas luzes brancas. Chama-se casa, mas certamente não é o nome exacto - tu que sabes, bem podias dizer barco.
Respirando à beira do caminho.

Eugénio de Andrade, Memória de Outro Rio, Limiar

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Versões do mundo

Se tiveres de escolher um reino
escolhe o relento
a noite tem a brancura do alabastro
ou mais extraordinária ainda


Ao que vem depois de ti
cede o instante
sem pronunciar seu nome

José Tolentino Mendonça,
O Viajante sem sono, Assírio & Alvim