Namaskar!

Welcome! Bem-Vindos! Bienvenidos! Bienvenus!
Ensaio geral... Primeiros passos no mundo da blogosfera.
Muitas aprendizagens a fazer pelo caminho.
Duas frases de hoje:
1ª de promoção da leitura na Crosswords, livraria em Puna, Índia do Sul:
"You don't open a book, You open a mind".
2ª, ao acaso, nas obras de M. Yourcenar:
"Puisque le Temps est le sang des vivants, l'eternité doit être du sang d'ombre"

quarta-feira, 30 de março de 2011

Plaisir d'amour

Conta-mo outra vez

Conta-mo outra vez: é tão bonito
que não me canso nunca de escutá-lo.
Repete-me outra vez que o par
do conto foi feliz até à morte.
Que ela não lhe foi infiel, que a ele nem sequer
lhe ocorreu enganá-la.
E não te esqueças que apesar do tempo e dos problemas
Continuaram beijando-se cada noite.
Conta-mo mil vezes por favor:
é a história mais bela que conheço.

Amalia Bautista, Qual é a minha ou a tua língua?
Assirio & Alvim

terça-feira, 29 de março de 2011

Do rio que tudo arrasta...

O GUARDA-RIOS

É tão difícil guardar um rio
quando ele corre
dentro de nós

Jorge Sousa Braga, O Poeta Nu
Assírio & Alvim

sábado, 26 de março de 2011

Dia Mundial do Teatro

O Dia Mundial do Teatro é já amanhã. E eu, espectactora assídua, habitada pelo "bichinho do teatro" desde os tempos de faculdade, em que integrei um grupo de teatro universitário, rumei ao Teatro Carlos Alberto para ver "Glória ou como Penélope morreu de tédio". Acontece que em noite de estreia, a lotação estava esgotada e a empregada da bilheteira sugeriu um espectáculo, igualmente integrado no programa "Odisseia", no Estúdio Zero, um pouco mais fora de mão na Rua do Heroísmo. E foi assim que em boa hora assisti, na primeira fila a "Holiday", da companhia australiana Ranthers Theatre.
"De Holiday pode dizer-se que é uma gentil provocação. Num pacato dia de férias dois estranhos descansam junto a uma piscina. Nada têm para fazer e provavelmente nada têm para dizer. Todavia, sob diálogos aparentemente inconsequentes e longos silêncios, circulam fantasisa íntimas, ansiedades e culpas encapotadas, inquietações que se plasmam em inesperadas canções barrocas, cantadas pelos actores em calções de banho. Uma incursão nas complexidades do chamado "homem simples", feita num frugal quadro cénico, uma das imagens de marca da companhia de Melbourne, a par do primado absoluto de uma representção viva."
Texto inserido no postal

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ninguém há-de calar a Primavera!

Em Março se assinala o "Dia Mundial da Poesia", comemorado com grande pompa e circunstância no CCB no último domingo. Mas não será só por isso que ao longo deste mês me tenho servido de "palavras dos outros", que tantas e tantas vezes dizem melhor aquilo que quero dizer.
Mais logo, no TCA, ouvirei mais vozes de outros Poetas na sessão "Ninguém há-de calar a Primavera!" das Quintas de Leitura.
Nem só de poesia vive o homem... mas a vida sem poesia seria bem mais complicada!

Saudação à Primavera!

Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.


Alberto Caeiro

terça-feira, 15 de março de 2011

Não uma rosa vermelha ou um coração de cetim

Caminho

que rua é esta que nos separa
ao longo da qual seguro a mão dos meus pensamentos
uma flor está escrita na ponta de cada dedo
e o fim da rua é uma flor que caminha comigo

Tristan Tzara,
Qual é a minha ou a tua língua?
Cem poemas de amor de outras línguas,
Assírio & Alvim

domingo, 13 de março de 2011

Le Temps des merveilles

Comment?

Comment va le monde?
Il va comme il va
La machine est lourde
On la traînera.

Comment va la vie?
Va comme on la pousse
Le sang se fait vieux
Le coeur s'est fait mousse.

Comment va l'amour?
Il avait tant plu
Que la terre est morte
On n'en parle plus.

Pierre Seghers,
Anthologie de la poésie française du XX siècle, Gallimard

La eternidad está en las cosas del tiempo...

"Não escolho a cor ou o feitio,
nem o ponto ideal,
nem o momento
de coser, de colar a quente ou frio.
Não escolho bem nem mal:
tento,
invento."

Pedro Tamen, O livro do sapateiro, D.Quixote