Namaskar!

Welcome! Bem-Vindos! Bienvenidos! Bienvenus!
Ensaio geral... Primeiros passos no mundo da blogosfera.
Muitas aprendizagens a fazer pelo caminho.
Duas frases de hoje:
1ª de promoção da leitura na Crosswords, livraria em Puna, Índia do Sul:
"You don't open a book, You open a mind".
2ª, ao acaso, nas obras de M. Yourcenar:
"Puisque le Temps est le sang des vivants, l'eternité doit être du sang d'ombre"

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Músicas do/no Mundo

Por aqui, pela Índia do Sul, continua a ser um tempo intenso e rico.
A temperatura tem vindo a aumentar, um pouco todos os dias, e, hoje, está um calor de
"assar ananases", como diria o nosso Eça. Valem-me as paredes grossas da casa, as duas ventoinhas do tecto da sala, a vista refrescante do verde do jardim.
Auscultadores nos ouvidos, escrevo ao som da Indian Queen, de Henry Purcell .
Continuando a citar o Eça "quem não admirará os progressos deste século?" Pena que, entre eles ainda não se conte o dom da ubiquidade, que me permitiria assistir hoje ao concerto da Maria João Pires, na Casa da Música, no Porto (que à força de tanto frequentar sinto como "minha casa" também).
Ouvi, um dia, Frederico Lourenço, o sábio tradutor da Odisseia e da Ilíada, dizer (cito de memória), que "a música ajuda a colar os pedaços da alma".
Todos os dias sinto que, sem essa "cola", os meus dias seriam bem mais pobres!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Adenda

Ups! Há um gato escondido com rabo de fora no texto anterior...
Onde se lê " material necessário há prática" deverá ler-se (obviamente!) ""material necessário à prática".
Até parece que não frequentei as minhas aulas e que não utilizei os meus manuais de Português.
Foi uma gralha, da família dos muitos corvos que povoam estes indianos céus, que voou do teclado!

Kare Ayurvedic Retreat

Há lugares (quase) perfeitos.

Quando, há uns dias atrás (ou deverei dizer há umas linhas atrás) tentei descrever o sítio onde tenho tido aulas de iyengar yoga não referi a "banda sonora". Ora acontece que é sempre igual, mesmo na aula das quartas, que é às sete horas da manhã: um coro de buzinas, um bruáaa citadino que dificulta o entendimento das indicações dos professores, dadas num "inglês da índia", já de si complicado de seguir. Ou seja, não se trata da "banda sonora" habitualmente conotada com "yoga".
Fui passar uns dias ao "Kare Ayurvedic Retreat", com vistas magníficas sobre o Mulshi Lake, geograficamente não muito distante de Puna. E, entre as boas surpresas que me estavam reservadas, conta-se a sala de yoga mais bonita onde me foi dado praticar na vida. Ampla, pé direito alto, chão de madeira encerado, janelas rasgadas de alto a baixo, vistas sobre o céu azul, as montanhas e o lago, muitíssimo bem equipada, como todo o material necessário há prática, cuidadíssimo, em super bom estado.
Na aula das sete da manhã só o canto dos pássaros cortava o silêncio...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Incenso-incêndio

Outro susto. Desta feita um caseiro e pequeno susto.
Tarde de domingo quente, casa agradavelmente fresca, música óptima nos auscultadores, escrita a fluir. Nunca mais me lembrei dos paus de incenso que tinha deixado dentro do armário-anexo do meu quarto para espantar um persistente cheiro a mofo.
Faltava-me um endereço apontado na agenda, razão pela qual me levantei e fui ao quarto.
Fumo por todo o lado. Dois colchões enrolados e arrumados no dito cujo armário-anexo tinham começado a arder.
Felizmente não eram de palha, como a casa do porquinho mais novo.
UF!

Blast rips Pune German Bakery

O acaso existe? A quem pertence o nosso destino? Será a morte um jogo de cabra-cega?
Estas e muitas outras questões me assaltam, de há umas horas a esta parte.
Ontem, sábado, depois da aula de yoga, ofereci-me uma tarde de exploração da cidade. Passeei em sítios de Puna onde ainda nunca tinha estado antes.
Entre as 14h e as 15h estive na German Bakery, em Koreagon Park onde almocei uma fatia de "pizza"(55rp), um applestrudell (35rp) e bebi um lassie salgado (20rp). Comprei um pão de alho (35rp), delicioso de resto, que torrámos à hora de jantar. Passei os olhos no exemplar do "Pune Guide", emprestado pela Joana que tinha levado comigo, folheei um exemplar do "Times of India", aprecei as pashminas na lojinha lá do fundo.
A German Bakery estava cheia de ocidentais , ouvia-se falar inglês e alemão. Lembro-me de ter pensado que estava num daqueles sítios "atípicos" que tanto podia ser em San Francisco, Califórnia, como em Albufeira, no Algarve. Da India mesmo, só os empregados e a presença de algumas pessoas envoltas numa espécie de "Kafetans"bordeau, compridos e largos, usados por homens e mulheres que denotavam a presença do vizinho Ashram do Osho.
Saí e caminhei durante mais de uma hora pela zona de Koreagon Park, deliciei os sentidos nos jardins Bund Garden.
Poucas horas depois já em casa, em Decan, o zapping televisivo noticiava o atentado às 19.30.
Oito ou nove mortos, entre os quais estrangeiros, cerca de quarenta feridos.
A nossa perplexidade foi imensa. Também a minha companheira de viagem, a Leonor, tinha almoçado na German Bakery com uma amiga .
E a jovem indiana de cerca de vinte anos, que mora no anexo do jardim, neta da Sheela empregada/espírito tutelar desta casa,tinha estado por lá até ao fim da tarde, uma vez que trabalha naquela zona.
O acaso existe? A quem pertence o nosso destino? Será a morte um jogo de cabra-cega?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Puna Diary

Mudam-se os tempos, mudam-se as escritas e os suportes das escritas,
menos poéticos pela certa, mas com rapidez acrescida. Estou certa que o
Italo Calvino os incluiria numa das suas não-existentes"Seis lições
para este Milénio".

De momento, tiro partido da riquíssima realidade em que estou inserida.
Por aqui, pela India do Sul, em Puna, os dias correm bem a meu gosto. Alguma
serenidade nos continentes interiores, sempre tão difícil de conseguir.
Todos os dias, excepto ao domingo, os meus dias começam com aulas de
Iyengar yoga, bem cedinho pela manhã, aqui na fonte, do outro lado da
rua, no RIMYI ( RAMANI IYENGAR MEMORIAL INSTITUTE), exigentes, dadas
pelos melhores dos Mestres. Por vezes os músculos dos braços e das
pernas doem-me como se os vinte e picos anos de prática regular de
yoga, nos quais se incluem sete desta linha, nunca tivessem existido.
De vez em quando noto pequeníssimos progressos e o meu coração pula,
alegre, de surpresa.
Ao descer do "terraço", a sala ampla com janelas rasgadas sobre
buganvílias, palmeiras, acácias e araucárias, onde funcionam as aulas
do curso intermédio que estou a frequentar, avisto, no enorme "Salão
Nobre", onde praticam e têm aulas os mais avançados (entre os quais se
conta a minha "Mestre Viva", do "nosso Patanjali", queridíssima
companheira desta viagem), ilumina-se-me a cara com um sorriso ao
avistar, ao fundo o Guruji BKS Iyengar. "Vi claramente visto o Mestre
Vivo", escrevi numa das primeiras SMS que escrevi à chegada...
Nas três últimas manhãs tenho encontrado, no caminho e no portão de
saída para a rua um monte de seguranças, fardados, mais a pompa e
circunstância que costumam
assinalar a deslocação de figuras públicas -no caso, dizem-me que se
trata de um importante ministro, que também está a ter aqui aulas.
Avanço uns passos para a esquerda e bebo um delicioso leite de côco,
depois de ter dado 15 rupias ao homem com o carrinho carregado de
côcos, que já fotografei com a devida autorização e que poderia ser
visto aqui, se a minha sabedoria informática ajudasse.

índia do SuI

Vinicius de Moraes escreveu sobre "O operário em construção".
Desconheço se algum outro grande poeta terá dedicado a sua atenção "ao blog em construção"...
Passos incertos. Passos em volta.
No espaço de um ano 2 visas para a India, duas experiências bem diversas. A primeira, mais de turista ocidental/acidental, a 2ª mais de proximidade com a realidade quotidiana, menos filtrada, tanto quanto isso é possível. Ambas enriquecedoras.
Se houver próxima ( e peço a todos os deuses do panteão indiana que haja) desejo que seja mais longa. Só um mês é demasiado pouco. Estou a meio da estadia e já me parece que o tempo está a encolher.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

"Never was a time when I did not exist, nor you, nor all these things.
Nor shall any of us cease to exist in the future."

Bhagavad Gita - 2.12

A humana condição.
Para sempre é sempre por um triz?