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Ensaio geral... Primeiros passos no mundo da blogosfera.
Muitas aprendizagens a fazer pelo caminho.
Duas frases de hoje:
1ª de promoção da leitura na Crosswords, livraria em Puna, Índia do Sul:
"You don't open a book, You open a mind".
2ª, ao acaso, nas obras de M. Yourcenar:
"Puisque le Temps est le sang des vivants, l'eternité doit être du sang d'ombre"

domingo, 18 de julho de 2010

O Tesouro Verde das Palavras

Muitas e muitas vezes, dei por mim a pensar que há algumas pessoas, um número muito reduzido de pessoas, que são mesmo mesmo únicas. Insubstituíveis. Tivera eu poder e decretaria que essas pessoas ficariam vivas para sempre. Matilde Rosa Araújo era (como me dói este imperfeito…) uma dessas pessoas.
Há uns anos atrás, tendo sido convidada a apresentar uma comunicação num Colóquio de Literatura Infanto-Juvenil que lhe foi dedicado, surgiu-me a expressão síntese: Matilde-Mulher-Múltipla.
Sobre Matilde Rosa Araújo, escritora consagrada, detentora de prémios prestigiados, como o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças, que lhe foi atribuído em 1980, “espécie de Mãe” da Literatura Infantil e Juvenil, dos seus livros de poesia singulares – O Livro da Tila, O Cantar da Tila, A Guitarra da Boneca, Mistérios, As Fadas Verdes, da prosa poética de O Sol e o Menino dos Pés Frios e de O Palhaço Verde, já muito se disse. O seu papel de educadora empenhada, de cidadã activa e interveniente, paladina da defesa dos direitos da criança, ligada à fundação do Comité Português da Unicef e do Instituto de Apoio à Criança, foi sublinhado por um coro de vozes que se ergueu há poucos dias atrás, quando nos deixou, no dia 6 deste mês de Julho, depois de ter habitado o planeta Terra durante 89 anos.
Com o desaparecimento de Matilde perdi uma figura materna que me marcou, profunda e estruturalmente. Gostaria de ser capaz de dar um testemunho mais rico, mas a minha voz afoga-se.
Para me sossegar, leio uma das suas canções de embalar e digo-me, que de algum modo, há pessoas que ficam vivas para sempre. Enquanto eu viver guardarei em mim a memória viva do seu afecto, do seu humor, do seu sorriso doce, da sua voz grave, do seu olhar profundo.
E as suas palavras, as que nos deixou nos seus livros, far-me-ão companhia. Para sempre.

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