Um Adeus, como todos, imenso
" A amizade não é uma dádiva, é uma espécie de tesouro escondido que só se alcança depois de ter vencido longamente caminhos e tempestades, e passado portas e enfrentado monstros e dragões, e voltado muitas vezes atrás e recomeçado de novo a partir da solidão e do exílio.
Por isso, a perda de um amigo é de facto (não apenas metaforicamente ou simbolicamente), a perda de uma parte de nós. Porque somos feitos da confusa e inconstante matéria da memória, da nossa própria e da memória dos outros (a nossa memória dos outros e a memória dos outros em nós) e cada um de nós pode também dizer de si: "Eu era um tesouro escondido, e precisei de ser revelado..."
Daí, quando um amigo morre, a impressão de desamparo, de que tudo perdeu de repente peso e dimensão, de que o Mundo se tornou um lugar desconhecido onde temos que, de novo, aprender penosamente a viver. Porque a morte de um amigo nunca é coisa esperada, é algo que desde o mais fundo de nós somos incapazes, por mais que as circunstâncias nos forcem a admiti-lo de conceber. (...) E, de cada vez , nunca é dos amigos que me despeço, é sempre de mim mesmo."
Hoje peço emprestadas ao meu amigo Manuel António Pina as palavras que escreveu, na sua crónica do Jornal de Noícias em 4 de Janeiro de 2006, na morte de Cáceres Monteiro.
As minhas palavras (ainda) estão afogadas com a perda da Ilda S., Amiga tão querida e tão próxima, ao longo de quase quatro décadas. Dor sem nome...
o meu filho é um intelectual
Há 9 anos
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